segunda-feira, 4 de maio de 2015

CAPÍTULO I
Corra, minha irmã não é tão complacente em relação a piadas como eu sou!
Vamos supor que um belo dia você se encontra com Apollo. Sim é do Deus grego que estou me referindo, você está apreciando um belo por de Sol aos pés do Coliseu de Roma (e eu realmente recomendo que você veja essa visão durante sua vida) e subitamente se encontra com um antigo Deus que erroneamente acreditava não passar de um personagem fictício.
Com a popularização atual dos Deuses gregos e as inúmeras histórias onde eles continuam a conviver com os humanos no século XXI existe a possibilidade de você achar que está pronto para tal encontro. Se acredita nisso é melhor repensar os seus conceitos, pois o contato do humano com o divino nunca é fácil.
A maior parte das pessoas enlouquece e provavelmente este seria seu destino. É claro que existe uma pequena chance de você ser um filho ou o escolhido de um Deus assim como Auguste Pierre L’Ecrerc, descobriu que era em um final de tarde aos pés do Coliseu acompanhado de Apollo.
Porém se esse for o caso você não teria tempo a perder com o romance que tem em mãos. Afinal semi deuses, não importando suas origens, são extremamente raros e os poucos que andam pelo mundo normalmente são perseguidos ou empenhados em alguma missão épica.
Mas falaremos mais sobre isso mais tarde.
Com que aparência Apollo se revelou? Uma ótima e sensata pergunta, alguns devem ter imaginado que ele apareceu nu usando uma coroa de louros de ouro, outros como um empresário ou quem sabe um surfista. Em todas as versões ele provavelmente será extremamente jovem e belo.
Se Auguste Pierre tinha essa expectativa acabou por se decepcionar, pois ao encontrar Apollo notou que ele era idoso. Não me entenda mal, o deus da beleza era belo como um grande ator bem conservado de Holywood, mas ainda sim com cabelos brancos.
Devem ter notado que eu citei diversas vezes o nome Auguste Pierre L’Ecrerc, isso devido ao fato dele ser o protagonista da história, o que faz com que ele mereça uma descrição:
Aos auges de seus vinte e três anos Auguste Pierre era um jovem francês que nascera em Chamonix, cidade conhecida por ficar na fronteira da França com a Itália aos pés dos Alpes. Cresceu cercado pelas belezas naturais da região (que também merecem uma visita do leitor), se você é francês talvez pense que Auguste tenha alguma relação com uma famosa rede de supermercados devido ao seu sobrenome o que não é verdade.
A mãe de Auguste era Cosette L’Ecrerc uma mulher que nascera em Paris e trabalhava como atriz e que durante uma visita a Chamonix engravidou de um homem misterioso e decidiu passar o resto da vida lá trabalhando como uma professora local sem jamais se envolver com outros homens.
O jovem em questão é Auguste que jamais chegou a conhecer o pai, assunto evitado pela mãe, mas por ter que esperar muito na biblioteca o fim das aulas de Cosette para que esta o levasse para casa acabou por se tornar um amante dos livros e um dos mais brilhantes alunos da região.
Com tamanho potencial Auguste cursou história (uma antiga paixão sua) e aos vinte e três anos ganhou da faculdade duas passagens para uma viagem a Roma, na qual ele levou sua namorada Rose Stewart. No primeiro dia ela preferiu ficar no hotel e dormir cansada pela viagem, permitindo assim que Auguste tivesse para si um dia inteiro em Roma e ele obviamente quis conhecer o Coliseu.
Ah o Coliseu, gigante de pedra legado do passado, desnecessário é descrever sua beleza com tantas fotos que dele existem pela internet e pelo mundo, quem não conhece a forma desse monumento? Porém é preciso interromper minha narrativa por alguns momentos para descrever a sensação que é estar aos pés desse gigante.
O caminho até o Coliseu já é uma aventura. Irá se defrontar primeiramente com a Coluna de Trajano, um gigantesco monumento construído por ordens do Imperador Romano de mesmo nome em homenagem às vitórias sobre os Dácios no ano de 113 depois de Cristo. Depois de longos minutos olhando para os magníficos desenhos da Coluna sua jornada te levará a outra construção que te fará acreditar por alguns segundos que você viajou no tempo.
É do Altare della Patria que estou falando, monumento criado em homenagem a Vítor Emanuel II o primeiro rei da Itália unificada, mas que remonta a um estilo de um antigo templo romano com sua arquitetura grega. Uma magnífica estatua da deusa Minerva e uma fogueira que queima constantemente para proteger a cidade eterna seguindo assim uma antiga tradição Greco romana na qual cada lar e cada cidade deveria ter uma chama protetora.
Adiante, enfim chegará a rua do Coliseu enquanto se aproxima passará por estatuas dos grandes homens de Roma. Imperadores e conquistadores que até hoje despertam a admiração e o respeito do povo da cidade e dos turistas, lembro-me bem de encontrar flores aos pés da estátua de Julio César e me envergonhar por não ter nada para prestar minhas homenagens.
Que magnífica sensação é esse passeio, uma verdadeira viagem ao tempo. Mas antes de voltarmos de fato ao encontro de Auguste com o Sol é preciso narrar um pequeno diálogo que para os leitores não irá passar de perda de tempo e páginas, pois em nada ele irá alterar a história. Porém para o jovem foi seu ultimo momento de “normalidade” logo não poderia deixar de fora um momento que fora de tamanho impacto no protagonista devido a sua simplicidade.
Enquanto colocava uma singela flor aos pés de seu imperador predileto e xará, Augusto, escutou seu celular tocar, tirou os fones de ouvido onde estava a escutar música (por algum motivo ele não suportava pessoas que falavam no celular com fones) e atendeu.
-Hey Auguste, tudo certo? É o Jacques.
-Diga Jacques.
-Então, eu não entendi exatamente o que é para fazer no trabalho de história da arte...
-Você por acaso está se referindo ao trabalho que era para ter sido entregue MÊS PASSADO? – Auguste aproveitou os momentos de silêncio para rir enquanto seu melhor amigo Jacques folheava freneticamente uma agenda.
-Não é que é verdade? Quem diria?
-É por essas e outras que você está em recuperação e eu aproveitando minhas férias em Roma – Existia um tom de orgulho em sua voz, mas nada em demasia.
-Justo. Por sinal a Rose está com você?
-Não, não. Ela está descansando no Hotel.
-Certo, quando encontrar com ela diga que eu mandei um oi.
-Sem problemas. Tchau, quando eu voltar a gente marca de sair fazer algo.
-Sim sim, tchau – Auguste desligou o celular pensando em um filme para assistir com seu melhor amigo o qual ele escutara a voz pela última vez.
Feita essa interrupção podemos enfim voltar ao momento em que o jovem se encontrou com um deus.
-Auguste Pierre – Disse Apollo com um leve sorriso – Um nome adequado que sua mãe escolheu, um nome poderoso digno de ser carregado pelo bastardo do senhor dos Céus.
-Com licença? – Auguste examinou o Deus da cabeça aos pés como este também o fazia, o jovem tinha os cabelos negros, um cavanhaque, um físico forte por mais que não desamamente musculoso, não se podia negar que tinha uma bela aparência. Suas roupas eram uma blusa negra de gola alta e um paletó por cima, Auguste, por mais de nunca assumir, era bastante vaidoso e gostava de se vestir com elegância.
- Quem é você? – Perguntou o jovem.
-Não temos muito tempo para apresentações, sou Apollo senhor do Sol, por mais que em Roma sou chamado de Hélio.
Auguste sorriu, tinha um certo fascínio por pessoas insanas e esse louco provavelmente ofereceria uma conversa deveras interessante a qual ele e Rose gargalhariam durante o jantar e compartilhavam de um bom vinho italiano.
O casal adorava vinho.
-É mesmo? E como você sabe meu nome?
-O seu nome anda bastante em alta no Olimpo, não há deus que não saiba quem você é filho de Zeus.
-E o por que disso?
-Simples, desde que Zeus desapareceu há quem acredite que você se tornará o matador dos deuses e aquele que iniciará uma nova era no mundo. Ou então aquele que irá salvar o Olimpo. Mas eu preferiria que saiamos daqui – Enquanto falava o deus, que Auguste achava que não passava de um louco, olhava constantemente para o Sol se pondo no horizonte.
-Eu gosto do Coliseu não vê...
-Calado mortal – Gritou o deus enfurecido com tamanha intensidade que as bases do arco de Trajano tremeram – Quando o senhor dos profetas fala você escuta as suas palavras e não questiona as suas ordens!
-Meu senhor, sinto em lhe informar que você não é Apollo, ele não existe, não passa de uma lenda – Auguste achou melhor parar de usar sarcasmo em suas palavras, conversar com um louco poderia ser divertido, brigar com um nem tanto.
-Entendo agora, seus olhos não foram abertos. Alega que sou uma lenda, mas eu lhe pergunto, o que define uma lenda e o que a difere se ela é ou não real?
-Não sei.
-Aqueles que acreditam nela, a maior parte das pessoas acreditam que existe somente uma realidade, somente uma verdade suprema e todos estão submetidos a ela, o que não sabem é que não é a realidade que define o homem e sim o homem que a define. Assim que uma lenda passa a ser reverenciada por muitos homens ela se tornar um deus, uma realidade para um certo grupo de pessoas que não é verdadeira para outros, você me vê filho de Zeus, mas para um ateu eu não passo de um velho idoso.
-Mas se o que você me diz é realidade então existem centenas de Apollos, afinal quantas versões diferentes surgiram de Atena, Ares e os outros deuses?
-De fato, isso se justifica pelo fato de cada deus ter inúmeras facetas e os humanos em sua limitada visão de mundo jamais vão conseguir compreender o assunto, por mais que os Antigos Egípcios tinham alguns estudos interessantes sobre o tema – Se inicialmente essa conversa divertia o jovem francês, agora essas frases e afirmações confusas o começaram a irritá-lo.
-Não entendo absolutamente nada do que...
-A maior parte das pessoas não entende, sou o deus da profecia e minhas palavras raramente são claras.
-Tááááá ok, vou fingir que eu entendi cada palavra que saiu de sua boca, porque você falou que eu posso eliminar os deuses ou algo do gênero?
-Sei que estudou mitologia, o filho mais novo de Urano, Cronos, o matou e deu inicio a uma nova era, o filho mais novo de Cronos, Zeus, o matou e deu fim a era dos titãs. Zeus teme que o ciclo se repita e que seu filho mais novo o mate e tome o poder...
-Tem um vídeo game que fala sobre isso não?
-Sim, é uma fraca previsão do caos que de fato seria. O importante de saber é que Zeus sempre tivera filhos e filhas com humanas para evitar que houvesse um caçulo e esse desse final a era dos deuses, por isso que ele trai tanto Hera... bem não é o único motivo, mas...
-Isso e o fato dele gostar de pular a cerca de vez em quando.
-Se eu fosse você evitaria dizer isso novamente, mas voltando ao que é importante, recentemente Zeus desapareceu sem deixar rastros, com o passar do tempo os deuses começaram a ficar nervosos afinal um trono vazio sem herdeiros é sinônimo de guerra civil. Rapidamente os deuses passaram a procurar pelo ultimo filho de Zeus, e dessa procura surgiram três grupos, o primeiro liderado por Hera que deseja matar você.
-Então eu sou o ultimo filho de Zeus? – Perguntou Auguste voltando ao sarcasmo enquanto pensava que o desaparecimento do senhor do Olimpo daria uma boa ideia para um livro ou quem sabe filme.
-Achei que isso já estava bastante claro, não fico surpreso com Hera desejar sua morte, ela sempre quis lançar um raios em você, mas temia a fúria do marido.
-Bom saber.
-O segundo grupo liderado por Atenas acredita que você é a chave para descobrir o que aconteceu com Zeus – Apollo olhou para o céu preocupado, estava tão focado em sua explicação que acabara por esquecer de olhar constantemente para o céu – Maldição o sol está quase se pondo. Auguste fuja! Fique o mais distante de mim, tomei muito tempo para te encontrar.
-Ei ei ei, você nem vai me contar qualé do terceiro grupo?
-Corra, minha irmã não é tão complacente em relação a piadas como eu sou!







Capítulo II
tenho um conflito no Oriente Médio para presenciar pessoalmente, tente não morrer em uma semana”
Eu iniciei o capítulo passado com uma pergunta inusitada e iniciarei este da mesma maneira. Como você reagiria se subitamente o senhor idoso na frente explodisse em luz e se transformasse em uma jovem de treze anos?
Pois foi exatamente isso que aconteceu quando os últimos raios de sol desapareceram no horizonte da Cidade Eterna. Auguste deu quatro passos para trás completamente chocado, a jovem o encarava com desprezo, se Apollo tentou se disfarçar usando um terno, Artemis não perdeu seu precioso tempo com tais banalidades, afinal de contas ela é uma caçadora e como tal suas vestes eram leves, mas resistentes, com inúmeros bolsos, pequenos sacos, pontas de flecha e facas presas nas tiras de couro verde e em suas mãos havia um arco e em sua cabeça cabelos completamente prateados presos em um rabo de cavalo.
Ela estendeu seu arco e magicamente surgiu uma flecha prateada, sem dizer mais nada disparou e Auguste soube que seu fim chegara. Porém durante o trajeto a flecha se dissipou no ar.
-MARTE! Somente tu podes desfazer minhas flechas, revele-te – Gritou Artemis, enquanto Augusto tentava se levantar completamente desnorteado. De trás do Arco de Trajano surgiu uma terceira figura, todo o seu corpo era coberto por uma armadura vermelha parecia ter dois metros de altura e não muito menos de diâmetro e de todo o seu corpo fluíam pequenas chamas azuis.
-Cá estou Diana – Disse o deus da Guerra com sua voz que se assemelhava a de um monstro, como se fosse possível que o som de metais rangendo um nos outros pudesse formar palavras.
-O que está fazendo? Sabe bem que esse jovem pode ser a chave de nosso final.
-Ora Diana não há nada que eu conheça melhor do que a queda e a destruição de Impérios e sei que um jovem sozinho não será capaz de destruir o reinado dos deuses. Sei também que ele pode gerar a maior guerra de todos os tempos, não posso deixar tal oportunidade passar, minhas chamas andam fracas, cada vez menos pessoas morrem bravamente em guerras.
-Pretende me atacar senhor da Guerra? – Perguntou a deusa com um certo desprezo mesmo já conhecendo a resposta.
-Em Roma minha faceta de Marte é predominante, ela me obriga a seguir um severo código de honra, não posso atacar uma mulher, muito menos um membro da minha família. Porém se atacar um jovem indefeso poderei defendê-lo.
-Mas eu não o farei – Dizendo isso ela guardou o seu arco para o alivio de Auguste que ainda tentava entender o que estava acontecendo – Um conflito entre nós dois teria como resultado a destruição das Ruínas que nos cercam, proponho então uma trégua.
-Trégua então – concordou a Guerra parecendo um pouco decepcionado. A Lua virou então para Auguste com uma expressão irritada e desafiadora e o encarando com seus olhos verdes disse:
-Cuidado filho de Zeus, pois a senhora dos caçadores não desistirá de sua caça. Irei te encontrar e até lá minhas caçadoras tirarão de ti aquilo que te é mais importante por ter me desafiado.
-Mas, mas eu não disse nada – Tentou argumentar o jovem, mas foi em vão, pois assim que terminou de falar Artemis se dissipou como a luz do luar. Auguste olhou ao redor para ver quantos chineses estavam tirando fotos da armadura de Ares, mas aparentemente nenhum deles conseguia ver o deus.
-Se eles não acreditam em mim não podem ver-me – Respondeu Ares como se tivesse lido a mente dele.
-Imagino que devo te agradecer.
-Não. Não te salvei por gostar de você, como disse você pode gerar a maior guerra de toda a história da humanidade e não posso perder essa oportunidade, sinto nostalgia dos bons tempos da Segunda Guerra Mundial.
-O que raios está acontecendo? – Gritou Auguste chamando a atenção de alguns turistas, por alguns segundos ele se perguntou se não estava ficando louco e tudo não passava de alucinações – Eu, eu, eu não me envolvi com nenhum deus, isso não pode estar acontecendo, eu nem a...
-Negue o quanto quiser filho de Zeus, mas não se demore ou vai dar tempo de sobra para seus inimigos.
-Eu não fiz mal a ninguém, eu... Artemis disse algo sobre tomar algo precioso meu... Rose! Ares minha namorada deve estar em perigo, pode me levar rapidamente ao meu Hotel?
-Posso, mas não vou.
-Por que?
-Eu sou um deus, não faço nada de graça. Você jamais queimou uma oferenda em minha homenagem! Jamais matou alguém em meu nome! Já matou alguém, diga-se de passagem? Por que motivos deveriam ajudar-te mais do que já ajudei?
-Rose é a minha namorada! Se você não me ajudar aposto que Afrodite vai se enfurecer e eu sei que você e Afrodite são... – Auguste parou para escolher mais sabiamente as suas palavras – São bons amigos.
-De fato Vênus não tem falado comigo desde que eu incinerei seu ultimo amante, vou levar-te para lá, mas não se acostume, pois não sou seu serviço de Taxi.
-Ok, ok. Só me leve logo! – Por mais que Auguste não conseguisse ver o rosto de Ares ele soube de alguma forma que ele estava sorrindo. Um sorriso bastante cruel.
-Ah, vai ser extremamente doloroso para você.
Antes mesmo que Auguste pudesse se perguntar se não era melhor pegar um taxi convencional seu corpo foi completamente incinerado, gritou de dor enquanto rolava no chão para tentar apagar as chamas, um turista tentou jogar um copo de água nele, mas isso fez que as chamas somente aumentassem.
Desesperado ele olhou para Marte que ria cruelmente enquanto as chamas que o envolviam tomavam um leve tom alaranjado. Não conseguia mais sentir sua pele, o fogo queimava seus músculos, mas de alguma forma isso não o matara e tudo o que conseguia escutar além de seus gritos era a risada do deus que se assemelhava a pedaços de ferro raspando uns nos outros.
E então deixou de sentir tudo, mas ainda via com seus olhos as chamas queimando o que restara de seu corpo, que não passava de alguns órgãos e ossos e quando seus olhos explodiram se viu por inteiro deitado no chão do de seu quarto.
Sem levantar começou a vomitar, girou seu corpo para o lado e começou a chorar. Porque estava acontecendo tudo isso com ele? A menos de uma hora atrás ele achava que teria uma noite romântica com sua namorada e poderia aproveitar os museus romanos, porém estava em um estranho jogo divino o qual as regras pareciam não ter nexo para ele.
-Por favor, se recomponha, estou começando a desejar dar fim ao trabalho de Diana – Disse Ares com desprezo enquanto chutava Auguste.
Auguste se lembrou então de Rose, deveria ser forte por ela, precisava arranjar dentro de si forças. Ficou de joelhos por dois segundos controlando a respiração e passou a examinar o quarto. Não existia nenhum sinal de luta, mas felizmente também não havia sequer uma gota de sangue. Chamou por Rose uma vez sem resposta, na segunda tentativa foi interrompido pelo deus da guerra.
-Não perca o seu precioso tempo garoto as caçadoras devem estar a centenas de quilômetros daqui com a sua namorada.
-Rose... Rose está viva?
-Não é do feitio de Diana matar mulheres indefesas! O ódio de certos deuses recai sobre você e não sobre sua concubina.
-Ei não a chame assim!
-Já estou farto de suas insolências – Existia um certo tom de ameaça na voz do deus e por mais que Auguste não fosse do tipo que aceitasse insultos a ele ou a pessoas intimas dele, nesse caso ele sabia que não tinha absolutamente nada a ganhar comprando briga com um deus.
-Ok ok. Como eu faço para encontrar a Rose?
-Rastrear as caçadoras de Artemis? Há! Isso somente ocorre se esta for a vontade delas, esqueça sua concubina. Existem centenas de mulheres no mundo, uma delas vai satisfazer seu desejos. Se eu fosse você procuraria algum treinador, afinal os seus dias estão para ficarem bem piores do que hoje.
-E quem vai me treinar?
-Não sei, quem sabe consiga convencer o que sobrou de Quíron, o mais famoso professor de heróis da história, mas levando em consideração o seu histórico e seu estado tanto psicológico quanto físico eu realmente duvido que ele esteja disposto a voltar a ativa.
Auguste sentou na cama. Sua vontade era de ir atrás de Rose, mas sabia que Ares não iria ajudá-lo nisso e que seria insanidade partir sozinho. Quem sabe Quíron pudesse ajudá-lo.
-Ele treinou Aquiles não?
-Sim, mas eu não citaria isso na frente dele. Quíron não gosta de falar no assunto.
-E onde ele vive?
-Vive? Essa palavra é relativa, mas se me lembro bem ele gostava de estar sempre rodeado pela natureza e pela cultura, em algum bosque de algum centro cultural, já viveu nos jardins da babilônia, nas florestas que rodeiam Atenas, em cidades na periferia de Roma, de vez em quando prioriza a natureza e vive isolado em uma caverna, de vez em quando é o oposto, hoje ele habita em Paris no jardim des Tuileries.
-Bom Deus.
-Se eu fosse você trocaria essa sua ultima palavra por “Zeus”, agora se me permite tenho um conflito no Oriente Médio para presenciar pessoalmente, tente não morrer em uma semana.


γνῶθι σεαυτόν


Conhece te a ti mesmo”


Musas, musas doces musas
Que sussurram nos ouvidos de Homero
Cantem também nos meus
Musas, musas doces musas
Ouço vosso canto e o converto em palavras
Honro sua pureza com as mais nobres palavras
Que não me falta euloquência
Que as palavras fluam como as águas dos rios
Musas, musas doces musa
Cantem para mim aquilo que nunca ocorreu, mas acontece todo dia
Musas,musas doces musas
Canto agora a imperfeita perfeição que é uma história
Um mito











Considerações iniciais
Não se é fácil matar um deus. Muitos acreditam que hoje depois de tamanhos avanços científicos os antigos deuses teriam perdido seu poder. Zeus perdeu seu raio e Poseidon seu tridente.
Nada pode ser mais errôneo.
Os deuses vivem em nossas mentes, vivem em nossas histórias, vivem em nossos atos e vivem nos nossos medos e esperanças. São invisíveis para muitos, mas existe uma minoria que aceitou devotar sua vida a procurá-los, pessoas que dia após dia usam da luz do Sol para ver o divino no profano.
Faço eu parte dessa minoria e por causa disso um dia a musa Melpômene veio do Olimpo para sussurrar em meus ouvidos o livro que você tem em mão.
Mas mortal como sou manchei suas palavras com a minha visão de mundo, logo inúmeras de minhas características e gostos vão saltar nas páginas que se encontram a seguir. Como por exemplo a minha total fascinação a Mitologias e religiões além de um imenso amor pela França (o mais belo de todos os países em minha visão)
Se essa história que eu criei a partir dos sussurros de uma musa é real? Sim ela é, da mesma maneira que todas as histórias são. Mas reais de uma forma que os seres humanos mal podem compreender.
Ivan Verite