CAPÍTULO
I
Corra,
minha irmã não é tão complacente em relação a piadas como eu
sou!
Vamos supor que um belo
dia você se encontra com Apollo. Sim é do Deus grego que estou me
referindo, você está apreciando um belo por de Sol aos pés do
Coliseu de Roma (e eu realmente recomendo que você veja essa visão
durante sua vida) e subitamente se encontra com um antigo Deus que
erroneamente acreditava não passar de um personagem fictício.
Com a popularização
atual dos Deuses gregos e as inúmeras histórias onde eles continuam
a conviver com os humanos no século XXI existe a possibilidade de
você achar que está pronto para tal encontro. Se acredita nisso é
melhor repensar os seus conceitos, pois o contato do humano com o
divino nunca é fácil.
A maior parte das
pessoas enlouquece e provavelmente este seria seu destino. É claro
que existe uma pequena chance de você ser um filho ou o escolhido de
um Deus assim como Auguste Pierre L’Ecrerc, descobriu que era em um
final de tarde aos pés do Coliseu acompanhado de Apollo.
Porém se esse for o
caso você não teria tempo a perder com o romance que tem em mãos.
Afinal semi deuses, não importando suas origens, são extremamente
raros e os poucos que andam pelo mundo normalmente são perseguidos
ou empenhados em alguma missão épica.
Mas falaremos mais sobre
isso mais tarde.
Com que aparência
Apollo se revelou? Uma ótima e sensata pergunta, alguns devem ter
imaginado que ele apareceu nu usando uma coroa de louros de ouro,
outros como um empresário ou quem sabe um surfista. Em todas as
versões ele provavelmente será extremamente jovem e belo.
Se Auguste Pierre tinha
essa expectativa acabou por se decepcionar, pois ao encontrar Apollo
notou que ele era idoso. Não me entenda mal, o deus da beleza era
belo como um grande ator bem conservado de Holywood, mas ainda sim
com cabelos brancos.
Devem ter notado que eu
citei diversas vezes o nome Auguste Pierre L’Ecrerc, isso devido ao
fato dele ser o protagonista da história, o que faz com que ele
mereça uma descrição:
Aos auges de seus vinte
e três anos Auguste Pierre era um jovem francês que nascera em
Chamonix, cidade conhecida por ficar na fronteira da França com a
Itália aos pés dos Alpes. Cresceu cercado pelas belezas naturais da
região (que também merecem uma visita do leitor), se você é
francês talvez pense que Auguste tenha alguma relação com uma
famosa rede de supermercados devido ao seu sobrenome o que não é
verdade.
A mãe de Auguste era
Cosette L’Ecrerc uma mulher que nascera em Paris e trabalhava como
atriz e que durante uma visita a Chamonix engravidou de um homem
misterioso e decidiu passar o resto da vida lá trabalhando como uma
professora local sem jamais se envolver com outros homens.
O jovem em questão é
Auguste que jamais chegou a conhecer o pai, assunto evitado pela mãe,
mas por ter que esperar muito na biblioteca o fim das aulas de
Cosette para que esta o levasse para casa acabou por se tornar um
amante dos livros e um dos mais brilhantes alunos da região.
Com tamanho potencial
Auguste cursou história (uma antiga paixão sua) e aos vinte e três
anos ganhou da faculdade duas passagens para uma viagem a Roma, na
qual ele levou sua namorada Rose Stewart. No primeiro dia ela
preferiu ficar no hotel e dormir cansada pela viagem, permitindo
assim que Auguste tivesse para si um dia inteiro em Roma e ele
obviamente quis conhecer o Coliseu.
Ah o Coliseu, gigante de
pedra legado do passado, desnecessário é descrever sua beleza com
tantas fotos que dele existem pela internet e pelo mundo, quem não
conhece a forma desse monumento? Porém é preciso interromper minha
narrativa por alguns momentos para descrever a sensação que é
estar aos pés desse gigante.
O caminho até o Coliseu
já é uma aventura. Irá se defrontar primeiramente com a Coluna de
Trajano, um gigantesco monumento construído por ordens do Imperador
Romano de mesmo nome em homenagem às vitórias sobre os Dácios no
ano de 113 depois de Cristo. Depois de longos minutos olhando para os
magníficos desenhos da Coluna sua jornada te levará a outra
construção que te fará acreditar por alguns segundos que você
viajou no tempo.
É do Altare della
Patria que estou falando, monumento criado em homenagem a Vítor
Emanuel II o primeiro rei da Itália unificada, mas que remonta a um
estilo de um antigo templo romano com sua arquitetura grega. Uma
magnífica estatua da deusa Minerva e uma fogueira que queima
constantemente para proteger a cidade eterna seguindo assim uma
antiga tradição Greco romana na qual cada lar e cada cidade deveria
ter uma chama protetora.
Adiante, enfim chegará
a rua do Coliseu enquanto se aproxima passará por estatuas dos
grandes homens de Roma. Imperadores e conquistadores que até hoje
despertam a admiração e o respeito do povo da cidade e dos
turistas, lembro-me bem de encontrar flores aos pés da estátua de
Julio César e me envergonhar por não ter nada para prestar minhas
homenagens.
Que magnífica sensação
é esse passeio, uma verdadeira viagem ao tempo. Mas antes de
voltarmos de fato ao encontro de Auguste com o Sol é preciso narrar
um pequeno diálogo que para os leitores não irá passar de perda de
tempo e páginas, pois em nada ele irá alterar a história. Porém
para o jovem foi seu ultimo momento de “normalidade” logo não
poderia deixar de fora um momento que fora de tamanho impacto no
protagonista devido a sua simplicidade.
Enquanto colocava uma
singela flor aos pés de seu imperador predileto e xará, Augusto,
escutou seu celular tocar, tirou os fones de ouvido onde estava a
escutar música (por algum motivo ele não suportava pessoas que
falavam no celular com fones) e atendeu.
-Hey Auguste, tudo
certo? É o Jacques.
-Diga Jacques.
-Então, eu não entendi
exatamente o que é para fazer no trabalho de história da arte...
-Você por acaso está
se referindo ao trabalho que era para ter sido entregue MÊS PASSADO?
– Auguste aproveitou os momentos de silêncio para rir enquanto seu
melhor amigo Jacques folheava freneticamente uma agenda.
-Não é que é verdade?
Quem diria?
-É por essas e outras
que você está em recuperação e eu aproveitando minhas férias em
Roma – Existia um tom de orgulho em sua voz, mas nada em demasia.
-Justo. Por sinal a Rose
está com você?
-Não, não. Ela está
descansando no Hotel.
-Certo, quando encontrar
com ela diga que eu mandei um oi.
-Sem problemas. Tchau,
quando eu voltar a gente marca de sair fazer algo.
-Sim sim, tchau –
Auguste desligou o celular pensando em um filme para assistir com seu
melhor amigo o qual ele escutara a voz pela última vez.
Feita essa interrupção
podemos enfim voltar ao momento em que o jovem se encontrou com um
deus.
-Auguste Pierre –
Disse Apollo com um leve sorriso – Um nome adequado que sua mãe
escolheu, um nome poderoso digno de ser carregado pelo bastardo do
senhor dos Céus.
-Com licença? –
Auguste examinou o Deus da cabeça aos pés como este também o
fazia, o jovem tinha os cabelos negros, um cavanhaque, um físico
forte por mais que não desamamente musculoso, não se podia negar
que tinha uma bela aparência. Suas roupas eram uma blusa negra de
gola alta e um paletó por cima, Auguste, por mais de nunca assumir,
era bastante vaidoso e gostava de se vestir com elegância.
-
Quem é você? – Perguntou o jovem.
-Não temos muito tempo
para apresentações, sou Apollo senhor do Sol, por mais que em Roma
sou chamado de Hélio.
Auguste sorriu, tinha um
certo fascínio por pessoas insanas e esse louco provavelmente
ofereceria uma conversa deveras interessante a qual ele e Rose
gargalhariam durante o jantar e compartilhavam de um bom vinho
italiano.
O casal adorava vinho.
-É mesmo? E como você
sabe meu nome?
-O seu nome anda
bastante em alta no Olimpo, não há deus que não saiba quem você é
filho de Zeus.
-E o por que disso?
-Simples, desde que Zeus
desapareceu há quem acredite que você se tornará o matador dos
deuses e aquele que iniciará uma nova era no mundo. Ou então aquele
que irá salvar o Olimpo. Mas eu preferiria que saiamos daqui –
Enquanto falava o deus, que Auguste achava que não passava de um
louco, olhava constantemente para o Sol se pondo no horizonte.
-Eu gosto do Coliseu não
vê...
-Calado mortal –
Gritou o deus enfurecido com tamanha intensidade que as bases do arco
de Trajano tremeram – Quando o senhor dos profetas fala você
escuta as suas palavras e não questiona as suas ordens!
-Meu senhor, sinto em
lhe informar que você não é Apollo, ele não existe, não passa de
uma lenda – Auguste achou melhor parar de usar sarcasmo em suas
palavras, conversar com um louco poderia ser divertido, brigar com um
nem tanto.
-Entendo agora, seus
olhos não foram abertos. Alega que sou uma lenda, mas eu lhe
pergunto, o que define uma lenda e o que a difere se ela é ou não
real?
-Não sei.
-Aqueles que acreditam
nela, a maior parte das pessoas acreditam que existe somente uma
realidade, somente uma verdade suprema e todos estão submetidos a
ela, o que não sabem é que não é a realidade que define o homem e
sim o homem que a define. Assim que uma lenda passa a ser
reverenciada por muitos homens ela se tornar um deus, uma realidade
para um certo grupo de pessoas que não é verdadeira para outros,
você me vê filho de Zeus, mas para um ateu eu não passo de um
velho idoso.
-Mas se o que você me
diz é realidade então existem centenas de Apollos, afinal quantas
versões diferentes surgiram de Atena, Ares e os outros deuses?
-De fato, isso se
justifica pelo fato de cada deus ter inúmeras facetas e os humanos
em sua limitada visão de mundo jamais vão conseguir compreender o
assunto, por mais que os Antigos Egípcios tinham alguns estudos
interessantes sobre o tema – Se inicialmente essa conversa divertia
o jovem francês, agora essas frases e afirmações confusas o
começaram a irritá-lo.
-Não entendo
absolutamente nada do que...
-A maior parte das
pessoas não entende, sou o deus da profecia e minhas palavras
raramente são claras.
-Tááááá ok, vou
fingir que eu entendi cada palavra que saiu de sua boca, porque você
falou que eu posso eliminar os deuses ou algo do gênero?
-Sei que estudou
mitologia, o filho mais novo de Urano, Cronos, o matou e deu inicio a
uma nova era, o filho mais novo de Cronos, Zeus, o matou e deu fim a
era dos titãs. Zeus teme que o ciclo se repita e que seu filho mais
novo o mate e tome o poder...
-Tem um vídeo game que
fala sobre isso não?
-Sim, é uma fraca
previsão do caos que de fato seria. O importante de saber é que
Zeus sempre tivera filhos e filhas com humanas para evitar que
houvesse um caçulo e esse desse final a era dos deuses, por isso que
ele trai tanto Hera... bem não é o único motivo, mas...
-Isso e o fato dele
gostar de pular a cerca de vez em quando.
-Se eu fosse você
evitaria dizer isso novamente, mas voltando ao que é importante,
recentemente Zeus desapareceu sem deixar rastros, com o passar do
tempo os deuses começaram a ficar nervosos afinal um trono vazio sem
herdeiros é sinônimo de guerra civil. Rapidamente os deuses
passaram a procurar pelo ultimo filho de Zeus, e dessa procura
surgiram três grupos, o primeiro liderado por Hera que deseja matar
você.
-Então eu sou o ultimo
filho de Zeus? – Perguntou Auguste voltando ao sarcasmo enquanto
pensava que o desaparecimento do senhor do Olimpo daria uma boa ideia
para um livro ou quem sabe filme.
-Achei que isso já
estava bastante claro, não fico surpreso com Hera desejar sua morte,
ela sempre quis lançar um raios em você, mas temia a fúria do
marido.
-Bom saber.
-O segundo grupo
liderado por Atenas acredita que você é a chave para descobrir o
que aconteceu com Zeus – Apollo olhou para o céu preocupado,
estava tão focado em sua explicação que acabara por esquecer de
olhar constantemente para o céu – Maldição o sol está quase se
pondo. Auguste fuja! Fique o mais distante de mim, tomei muito tempo
para te encontrar.
-Ei ei ei, você nem vai
me contar qualé do terceiro grupo?
-Corra, minha irmã não
é tão complacente em relação a piadas como eu sou!
Capítulo
II
“tenho
um conflito no Oriente Médio para presenciar pessoalmente, tente não
morrer em uma semana”
Eu iniciei o capítulo
passado com uma pergunta inusitada e iniciarei este da mesma maneira.
Como você reagiria se subitamente o senhor idoso na frente
explodisse em luz e se transformasse em uma jovem de treze anos?
Pois foi exatamente isso
que aconteceu quando os últimos raios de sol desapareceram no
horizonte da Cidade Eterna. Auguste deu quatro passos para trás
completamente chocado, a jovem o encarava com desprezo, se Apollo
tentou se disfarçar usando um terno, Artemis não perdeu seu
precioso tempo com tais banalidades, afinal de contas ela é uma
caçadora e como tal suas vestes eram leves, mas resistentes, com
inúmeros bolsos, pequenos sacos, pontas de flecha e facas presas nas
tiras de couro verde e em suas mãos havia um arco e em sua cabeça
cabelos completamente prateados presos em um rabo de cavalo.
Ela estendeu seu arco e
magicamente surgiu uma flecha prateada, sem dizer mais nada disparou
e Auguste soube que seu fim chegara. Porém durante o trajeto a
flecha se dissipou no ar.
-MARTE! Somente tu podes
desfazer minhas flechas, revele-te – Gritou Artemis, enquanto
Augusto tentava se levantar completamente desnorteado. De trás do
Arco de Trajano surgiu uma terceira figura, todo o seu corpo era
coberto por uma armadura vermelha parecia ter dois metros de altura e
não muito menos de diâmetro e de todo o seu corpo fluíam pequenas
chamas azuis.
-Cá estou Diana –
Disse o deus da Guerra com sua voz que se assemelhava a de um
monstro, como se fosse possível que o som de metais rangendo um nos
outros pudesse formar palavras.
-O que está fazendo?
Sabe bem que esse jovem pode ser a chave de nosso final.
-Ora Diana não há nada
que eu conheça melhor do que a queda e a destruição de Impérios e
sei que um jovem sozinho não será capaz de destruir o reinado dos
deuses. Sei também que ele pode gerar a maior guerra de todos os
tempos, não posso deixar tal oportunidade passar, minhas chamas
andam fracas, cada vez menos pessoas morrem bravamente em guerras.
-Pretende me atacar
senhor da Guerra? – Perguntou a deusa com um certo desprezo mesmo
já conhecendo a resposta.
-Em
Roma minha faceta de Marte é predominante, ela me obriga a seguir um
severo código de honra, não posso atacar uma mulher, muito menos um
membro da minha família. Porém se atacar um jovem indefeso poderei
defendê-lo.
-Mas
eu não o farei – Dizendo isso ela guardou o seu arco para o alivio
de Auguste que ainda tentava entender o que estava acontecendo – Um
conflito entre nós dois teria como resultado a destruição das
Ruínas que nos cercam, proponho então uma trégua.
-Trégua
então – concordou a Guerra parecendo um pouco decepcionado. A Lua
virou então para Auguste com uma expressão irritada e desafiadora e
o encarando com seus olhos verdes disse:
-Cuidado
filho de Zeus, pois a senhora dos caçadores não desistirá de sua
caça. Irei te encontrar e até lá minhas caçadoras tirarão de ti
aquilo que te é mais importante por ter me desafiado.
-Mas,
mas eu não disse nada – Tentou argumentar o jovem, mas foi em vão,
pois assim que terminou de falar Artemis se dissipou como a luz do
luar. Auguste olhou ao redor para ver quantos chineses estavam
tirando fotos da armadura de Ares, mas aparentemente nenhum deles
conseguia ver o deus.
-Se
eles não acreditam em mim não podem ver-me – Respondeu Ares como
se tivesse lido a mente dele.
-Imagino
que devo te agradecer.
-Não.
Não te salvei por gostar de você, como disse você pode gerar a
maior guerra de toda a história da humanidade e não posso perder
essa oportunidade, sinto nostalgia dos bons tempos da Segunda Guerra
Mundial.
-O
que raios está acontecendo? – Gritou Auguste chamando a atenção
de alguns turistas, por alguns segundos ele se perguntou se não
estava ficando louco e tudo não passava de alucinações – Eu, eu,
eu não me envolvi com nenhum deus, isso não pode estar acontecendo,
eu nem a...
-Negue
o quanto quiser filho de Zeus, mas não se demore ou vai dar tempo de
sobra para seus inimigos.
-Eu
não fiz mal a ninguém, eu... Artemis disse algo sobre tomar algo
precioso meu... Rose! Ares minha namorada deve estar em perigo, pode
me levar rapidamente ao meu Hotel?
-Posso,
mas não vou.
-Por
que?
-Eu
sou um deus, não faço nada de graça. Você jamais queimou uma
oferenda em minha homenagem! Jamais matou alguém em meu nome! Já
matou alguém, diga-se de passagem? Por que motivos deveriam
ajudar-te mais do que já ajudei?
-Rose
é a minha namorada! Se você não me ajudar aposto que Afrodite vai
se enfurecer e eu sei que você e Afrodite são... – Auguste parou
para escolher mais sabiamente as suas palavras – São bons amigos.
-De
fato Vênus não tem falado comigo desde que eu incinerei seu ultimo
amante, vou levar-te para lá, mas não se acostume, pois não sou
seu serviço de Taxi.
-Ok,
ok. Só me leve logo! – Por mais que Auguste não conseguisse ver o
rosto de Ares ele soube de alguma forma que ele estava sorrindo. Um
sorriso bastante cruel.
-Ah,
vai ser extremamente doloroso para você.
Antes
mesmo que Auguste pudesse se perguntar se não era melhor pegar um
taxi convencional seu corpo foi completamente incinerado, gritou de
dor enquanto rolava no chão para tentar apagar as chamas, um turista
tentou jogar um copo de água nele, mas isso fez que as chamas
somente aumentassem.
Desesperado
ele olhou para Marte que ria cruelmente enquanto as chamas que o
envolviam tomavam um leve tom alaranjado. Não conseguia mais sentir
sua pele, o fogo queimava seus músculos, mas de alguma forma isso
não o matara e tudo o que conseguia escutar além de seus gritos era
a risada do deus que se assemelhava a pedaços de ferro raspando uns
nos outros.
E
então deixou de sentir tudo, mas ainda via com seus olhos as chamas
queimando o que restara de seu corpo, que não passava de alguns
órgãos e ossos e quando seus olhos explodiram se viu por inteiro
deitado no chão do de seu quarto.
Sem
levantar começou a vomitar, girou seu corpo para o lado e começou a
chorar. Porque estava acontecendo tudo isso com ele? A menos de uma
hora atrás ele achava que teria uma noite romântica com sua
namorada e poderia aproveitar os museus romanos, porém estava em um
estranho jogo divino o qual as regras pareciam não ter nexo para
ele.
-Por
favor, se recomponha, estou começando a desejar dar fim ao trabalho
de Diana – Disse Ares com desprezo enquanto chutava Auguste.
Auguste
se lembrou então de Rose, deveria ser forte por ela, precisava
arranjar dentro de si forças. Ficou de joelhos por dois segundos
controlando a respiração e passou a examinar o quarto. Não existia
nenhum sinal de luta, mas felizmente também não havia sequer uma
gota de sangue. Chamou por Rose uma vez sem resposta, na segunda
tentativa foi interrompido pelo deus da guerra.
-Não
perca o seu precioso tempo garoto as caçadoras devem estar a
centenas de quilômetros daqui com a sua namorada.
-Rose...
Rose está viva?
-Não
é do feitio de Diana matar mulheres indefesas! O ódio de certos
deuses recai sobre você e não sobre sua concubina.
-Ei
não a chame assim!
-Já
estou farto de suas insolências – Existia um certo tom de ameaça
na voz do deus e por mais que Auguste não fosse do tipo que
aceitasse insultos a ele ou a pessoas intimas dele, nesse caso ele
sabia que não tinha absolutamente nada a ganhar comprando briga com
um deus.
-Ok
ok. Como eu faço para encontrar a Rose?
-Rastrear
as caçadoras de Artemis? Há! Isso somente ocorre se esta for a
vontade delas, esqueça sua concubina. Existem centenas de mulheres
no mundo, uma delas vai satisfazer seu desejos. Se eu fosse você
procuraria algum treinador, afinal os seus dias estão para ficarem
bem piores do que hoje.
-E
quem vai me treinar?
-Não
sei, quem sabe consiga convencer o que sobrou de Quíron, o mais
famoso professor de heróis da história, mas levando em consideração
o seu histórico e seu estado tanto psicológico quanto físico eu
realmente duvido que ele esteja disposto a voltar a ativa.
Auguste
sentou na cama. Sua vontade era de ir atrás de Rose, mas sabia que
Ares não iria ajudá-lo nisso e que seria insanidade partir sozinho.
Quem sabe Quíron pudesse ajudá-lo.
-Ele
treinou Aquiles não?
-Sim,
mas eu não citaria isso na frente dele. Quíron não gosta de falar
no assunto.
-E
onde ele vive?
-Vive?
Essa palavra é relativa, mas se me lembro bem ele gostava de estar
sempre rodeado pela natureza e pela cultura, em algum bosque de algum
centro cultural, já viveu nos jardins da babilônia, nas florestas
que rodeiam Atenas, em cidades na periferia de Roma, de vez em quando
prioriza a natureza e vive isolado em uma caverna, de vez em quando é
o oposto, hoje ele habita em Paris no jardim des Tuileries.
-Bom
Deus.
-Se
eu fosse você trocaria essa sua ultima palavra por “Zeus”, agora
se me permite tenho um conflito no Oriente Médio para presenciar
pessoalmente, tente não morrer em uma semana.